quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Lojas "LAUTARO"

"Francisco Miranda, revolucionário venezuelano, considerado o precursor da independência hispano-americana. Nascido em 1754, em Caracas, Miranda combateu em diversas frentes de guerra, no Marrocos, nas Antilhas e na Flórida. Entre 1785 e 1789, visitou quase todos os países da Europa, relacionando-se com as figuras mais ilustres da sociedade e da inteligência européia: era amigo da família real inglesa; freqüentava os gabinetes ministeriais da Inglaterra; freqüentava os clubes revolucionários de Paris, com a mesma desenvoltura com que visitava os salões de Catarina, a Grande, da Rússia, a qual assegurou-lhe proteção e honrarias; além disso, mantinha estreito relacionamento com George Washington, Benjamins Franklin e Thomas Payne. Graças a isso, procurou obter o auxílio da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos, para a emancipação das colônias espanholas na América. Em 1790, conseguia fazer com que William Pitt, o Moço, chefe do Gabinete inglês, se interessasse por seus projetos. Transferiu-se, então, para a França, onde combateu ao lado dos girondinos, contribuindo para a conquista das primeiras vitórias obtidas pelas forças da revolução; caindo, todavia, em desgraça, retornou à Inglaterra, onde começou a sua obra emancipadora, fundando, em 1797. a entidade denominada "Gran Reunión Americana", com o apoio da Maçonaria inglesa.
A "Gran Reunión Americana" era uma entidade de feição maçônica, com finalidades totalmente políticas, destinada a promover a independência dos povos americanos, subjugados pelo colonialismo espanhol. Logo ela recebeu a adesão e o solene juramento de homens que viriam a ser ilustres maçons, como San Martin, O´Higgins, Bolívar, Alvear, Montufar, Nariño e outros, todos empenhados no propósito comum de banir, sem diferenças regionais, o domínio espanhol do solo americano. Dela fizeram parte, também, Hipólito da Costa, patriarca da imprensa brasileira e vulto da independência do Brasil, e Domingos José Martins, chefe da Revolução Republicana de 1817, em Pernambuco, Brasil. Da "Gran Reunión Americana", nasceu a Loja "Lautaro" da Argentina, circunscrita aos objetivos políticos traçados em Londres; ela seria a precursora de outras “Lautaro”, no Chile, que, com a da Argentina, se transformaria no quartel-general da independência, no Peru, no Equador, no México, na Venezuela, na Nicarágua e na Bolívia.
A para da atividade das Lojas "Lautaro", que era o nome de um guerreiro araucano, morto durante a conquista espanhola do sul do Chile, defendendo a terra de seus antepassados, a Gran Reunión Americana ampliava a sua esfera de ação, instalando sucursais na França e até na Espanha, onde, em Cádiz e Sevilha, tornou-se o foco da insurreição, aliando-se às Lojas da Maçonaria regular e à carbonária espanhola.
Quando, em 1812, com o apoio de Miranda e da Gran Reunión, San Martin fundou a primeira Loja Lautaro, em Buenos Aires, depois da libertação de seu país, foi para o Chile, onde fundou outra Lautaro e, com O´Higgins, libertou o país, indo, depois, à frente das forças chileno-argentinas, libertar o Peru, onde o proclamaram "Protetor".
Bartolomeu Mitre, em "Historia de San Martin y de la Emancipación Sud-Americana", diz que o objetivo declarado da Loja Lautaro era trabalhar sistematicamente pela independência da América e pela sua felicidade, lutando com honra e procedendo com justiça, devendo, os seus membros, ser americanos que se distinguissem pela liberalidade de suas idéias e pelo fervor de seu zelo patriótico. Ainda segundo Mitre, a constituição da Loja previa que, quando algum dos irmãos fosse eleito para o supremo governo do Estado, não poderia tomar resoluções importantes sem consultar a Loja; sujeitando-se a essa regra, o governo desempenhado por um irmão não poderia nomear, por si, enviados diplomáticos, generais em chefe, governadores de província, juizes superiores, altos funcionários eclesiásticos e chefes militares. Também era lei da Loja a obrigatoriedade do auxílio mutuo em todos os conflitos da vida civil, a sustentação, com risco da vida, das determinações da Loja, e a obrigação de dar-lhe conta de todos os acontecimentos que pudessem influir na opinião e na segurança pública. Evidentemente, a revelação do segredo da existência e das finalidades da Loja, por meio de palavras, ou de sinais, era punida com severas sanções, único meio de acobertar as suas atividades políticas pela independência dos olhos vigilantes da metrópole espanhola e de seus títeres em terras americanas.
Todas as "Lautaro", assim como a "Cavaleiros da Razão", sucursal da Gran Reunión Americana em Cádiz, resumiam a sua doutrina política e a sua maneira de ação em cinco etapas, ou "graus", assim discriminados:
1º - Ao ser iniciado, o candidato jurava, sobre o esquadro e o Compasso, que dedicaria todos os seus esforços à causa da independência americana, pondo, a serviço dela, a sua vida e os seus bens.
2º - O iniciado tinha que mostrar os seus serviços realizados como neófito e, reafirmando a sua fé nos destinos democráticos da América, devia jurara que só reconheceria, como governo legítimo, aquele que fosse eleito pela livre e espontânea vontade do Povo, obrigando-se, também, a trabalhar pela implantação da República, sob a inspiração da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, fontes da soberania popular e da solidariedade entre os povos da América, como ponto inicial para o aperfeiçoamento das relações fraternais entre todos os povos do mundo.
3º - O candidato,aspirante à plenitude dos direitos do Mestre, devia reconhecer que, a cada um desses direitos, correspondia um indeclinável dever e, também, que, para ele, a pátria americana sobrelevava o valor de sua própria vida. Assumia, ainda, o compromisso de propagar, entre o povo, a necessidade a uma insurreição geral, declarando-se disposto a todos os sacrifícios, pelo bem da Pátria e da Humanidade.
4º - O postulante, que, nas três etapas anteriores, tivesse dado provas de sua total dedicação à causa, subia, então, à verdadeira essência da atividade e do poder político da Ordem, onde ele teria, diante do magno ideal de independência, de converter os funcionários do governo à causa da revolução, subvertendo, ao mesmo tempo, a máquina administrativa colonialista, emperrando-lhe as engrenagens e dificultando-lhe a ação normal e regular. É calar que, a essa etapa, só chegavam os membros de maior valor, pois, na atividade inerente a ela, qualquer passo em falso colocaria em risco toda a rede conspiratória das Lojas.
5º - Sendo a etapa, ou grau administrativo e máximo da instituição, a ele só tinham acesso os grandes chefes militares e civis, a quem cabia a preparação, a escolha dos valores mentais para funções de governo e a seleção dos agentes diplomáticos, incumbidos da preparação psicológica e da captação das simpatias das nações estrangeiras, com o fim de conseguir, delas, o apoio moral e material ao movimento. Essa cúpula era constituída por Bolívar, San Martin, Miranda, Sucre, O´Higgins, Marti, Rivadavia, Belgrano, Irigoyen, Pueyredón, e o padre mexicano Miguel Hidalgo, mártir da independência do México.
A simples menção da estrutura doutrinária desses graus, mostra uma profunda e secreta atividade política, baseada numa rede conspiratória de caráter internacional, abrangendo a Inglaterra, a França, a Espanha, onde Cádiz era um celeiro de conspirações, através da secretíssima "Cavaleiros da Razão", a Rússia, de Catarina II, os Estados Unidos e os países latino-americanos. Essa luta só foi possível graças ao caráter internacional da Maçonaria, com os seus membros sendo recebidos como irmãos em todos os países, e graças ao segredo da Ordem maçônica."
José Castellani
No Brasil temos a Augusta e Respeitável Loja simbólica Lautaro nº 2642 do Grande Oriente do Brasil – São Paulo, fundada em 8 de agosto de 1991, funciona como ponto de convergência dos maçons americanos, que se dedicam à luta pela liberdade. Por conseguinte, promove a integração cultural e social entre as Lojas Maçônicas latino-americanas e as Potências Maçônicas regulares que atuam no Brasil.
Lojas Maçônicas dos diversos paises do continente americano, que foram fundadas em homenagem ao grande Libertador General José de San Martin, e trazem em seu bojo, a filosofia do homenageado, Educação, Justiça e Paz, e desenvolvem elas trabalhos maçônicos dentro desses princípios, propagando-os e aprimorando-os para benefício das comunidades americanas em geral, reúnem-se a cada 02 anos. Entre elas A :. R :. L :. S :. Libertador General San Martín nº 3296 do GOB-SP.
Em 2006 o evento foi realizado em Santiago do Chile, estiveram presentes 09 (nove) Lojas San Martinianas a saber: 03 de Argentina (Buenos Aires, Mendoza e Rosário); 02 do Brasil (São Paulo e Uruguaiana); 01 do Chile (Santiago; 01 do México (Cid. de Flores); 01 do Peru (Lima); 01 do Uruguai (Montevideo).