quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma Loja de Palhaços (no bom sentido da palavra)

Hoje é o DIA DO PALHAÇO – O improviso é a mais importante das artes da palhaçada. Ora ingênuo e atrapalhado, ora esperto e atrevido, o palhaço povoa o imaginário popular e arranca gargalhadas não apenas das crianças. A figura de nariz vermelho, sorriso de orelha a orelha e vestimenta espalhafatosa teria surgido em meados do século XIX, na Alemanha. Seus ancestrais são o arlequim (ilustração) e o pierrô, da comédia francesa, e também o bobo da corte inglês. Mas até 1894 os números dos palhaços não tinham falas. Mesmo hoje em dia, as apresentações mais comuns na Europa envolvem mímicas e pantomimas. Já no Brasil predominam o vocabulário popular, as piadas, paródias e sátiras, sempre baseadas em situações do cotidiano. O Dia do Palhaço foi criado por uma companhia paulistana, em 1981, e ao longo do tempo passou a ser festejado em diversas cidades do país. O objetivo é divulgar o trabalho desses artistas, cuja versatilidade transcende os picadeiros e pode transformar os mais diversos ambientes.
As raízes da Loja Salomão N. 021 situam-se no conturbado período que redundou na Independência, aliás proclamada na Maçonaria em 20 Ago. 1822, seguindo-se a posse do Imperador como Grão-Mestre Geral da Ordem, e o insólito fechamento do Grande Oriente do Brasil, por ordem do próprio Imperador, dando início a uma terrível e injusta perseguição aos IIr:. Maçons.
A participação da Maçonaria de então é por demais conhecida. A abdicação0 de D. Pedro, em 07 Nov. 1831, levaria à reinstalação do Grande Oriente do Brasil, em 03 Nov. 1831, portanto, sete meses depois.
Nesse clima, menos de dois anos depois de reinstalado o GOB, a 03 Jul. 1833, fundava-se a Loja Caridade e União que anos depois, em 26 Jul. 1886, pela fusão com a Loja Santa Fé, daria origem à tradicional Loja Salomão N. 021.
Ao ser fundada a Loja Salomão e funcionando às 2as feiras, atraiu para seu Quadro muitos artistas, os quais tinham seu descanso naquele dia da semana. Inicialmente vieram artistas circenses, inclusive proprietários de circo, sendo então chamada de “Loja dos Palhaços”, sem qualquer sentido pejorativo, pois havia um consenso, como ainda hoje, de que tais artistas vivem para trazer alegria para as pessoas, tornando a vida mais amena, e no caso dos Maçons artistas, eles levavam para todo o Brasil e para o exterior a arte, a alegria e os conhecimentos maçônicos, tendo a Loja Salomão se tornado muito conhecida através daqueles IIr:.
Um dos primeiro artistas a realizar um salto mortal duplo foi o Ir:. Mario Sabino Campioli que foi o famoso Palhaço Quero-quero, tendo sido também acrobata, saltador e trapezista. Do mesmo modo, o Ir:. Eduardo Temperani foi o 1º Homem-Bala no Brasil. O Ir:. Carlos Angel Lopes, que também foi Palhaço, tinha como número principal na vida artística, o de tocar violino plantando bananeira. O famoso Palhaço Carequinha, George Savalla Gomes, era Maçom, Gr:. 33, e pertencia a uma Loja de Niterói, mas trabalhava com dois outros Palhaços que eram IIr:. da Loja Salomão, o Ir:. Frederico Viola, Gr:. 33, Palhaço Fred e o Ir:. Aymoré Pery, Palhaço Zumbi
Aos artistas circenses sucederam os artistas de rádio e teatro. Essa plêiade cumpria os Rituais com interpretação magistral. As cerimônias de Iniciação, Elevação e Exaltação, na Loja Salomão eram concorridíssimas, com a presença de grande número de visitantes que apreciavam o cunho de realidade impregnado naquelas Sessões. Por isso a Loja passou a ser chamada de “Loja Escola”, que perdura até a presente data, pois ainda mantêm em seus Quadros alguns artistas e além disso, prima pela manutenção daqueles elevados padrões de outrora.
Uma tradição da Loja se refere ao tratamento dispensado a IIr:. Visitantes. Há muitos anos, por decisão da Loja, ao Ir:. Visitante é concedido o título de “Membro Honorário” durante o período da Sessão. Assim, naquele período, o Ir:. de uma loja co-irmã presente à Sessão, não é considerado Visitante e sim Membro do Quadro de OObr:. da Loja Salomão que entendem que Ir:. não visita Ir:., é de casa.
Esta extraordinária Loja, pela competência dos IIr:. do Quadro, sempre teve pelo menos três representantes no Supremo Conselho.
Outra peculiaridade da Loja, é a de não fazer distinção ente Ir:. filiado e não filiado. A atual Administração, por exemplo, a começar pelo Vem:. é composta em sua maioria por IIr:. filiados.
Como pode ocorrer com qualquer Instituição, a Loja Salomão experimentou um momento difícil quando houve uma cisão em seus Quadros, ocorrendo a saída de cerca de 40 IIr:. que não aceitaram uma decisão da Loja. Os dissidentes foram liderados pelo Ir:. Manoel Pêra, pai da artista Marília Pêra, os quais fundaram a hoje conhecida Loja Trabalho e Liberdade. A Loja Salomão superou aquele episódio, e sua longa caminhada tem primado pela absoluta união entre seus IIr:. sendo tradicionalmente uma Loja pacífica.
Durante muito tempo, a Loja Salomão foi a única a festejar o Natal com os pobres. Promovia a distribuição de cartões que davam direito ao recebimento dos Troncos de Solidariedade: atos beneficentes e o Natal dos pobres.
Quando era Ven:. da Loja, o Ir:. Teixeira Pinto, o Grão Mestre Geral, Ir:. Rodrigues Neves, prestigiou o Natal dos pobres da Loja Salomão entregando o primeiro saco de alimentos. Com o agravamento da situação econômica e a conseqüente carestia, tal prática não foi mais possível.
Por ocasião da II Guerra Mundial, em que o Brasil lutou pela democracia, a Loja Salomão destinava parte do Tronco da Solidariedade para a compre e remessa de presentes para nossos “Pracinhas”, componentes da Força Expedicionária Brasileira, levando assim o calor humano e o reconhecimento da população aqueles que lutava por um mundo melhor.
Há muito anos que as eleições na Loja Salomão ocorrem de maneiro tranqüila e fraterna. Isto se deve ao exercício de uma prévia eleitoral, em que são auscultadas as preferências, chegando-se a um consenso para a formulação de uma única chapa. Tal prática só tem sido possível porque os Iir:. da Loja tem plena consciência de que os cargos, quaisquer que sejam, representam trabalho e responsabilidade, jamais patamares para alimentar vaidades.